Pular para o conteúdo principal

O dia da forra


Há mais ou menos um ano eu entrava em um laboratório para realizar um teste ergométrico. Eu já ensaiava as primeiras caminhadas sem um rotina estabelecida, achando que estava abafando com meu primeiro tênis de corrida. Estava com tudo pronto, motivado e confiante por ter encontrado um caminho para uma vida menos sedentária ou estressante. Mas antes de pegar pesado nos treinos, eu queria fazer o teste ergométrico para ter certeza que estava tudo bem.
Passavam das oito da manhã quando fui atendido. O termo de responsabilidade foi o primeiro choque. O termo informava que o teste poderia levar a um enfarto, mas que todas as ferramentas de socorro estavam disponíveis para uma possível emergência. Mas o teste só poderia ser feito se estivéssemos cientes do risco e se isentássemos o laboratório de culpa. Animador, não? Termo assinado, seguimos para a enfermaria para colagem dos eletrodos no meu peito para depois seguirmos para sala do exame.
O médico era um cara tranquilo e informou que a velocidade e a inclinação da esteira aumentariam gradativamente. Me pediu para me esforçar até onde fosse possível e pedir para parar quando não aguentasse mais. Durante todo o teste, era obrigatório segurar a barra de segurança frontal da esteira. Ciente das regras do jogo ele ligou a esteira.
Nível 1. A esteira está lenta como uma caminhada no calçadão, mas aquele ritmo não duraria mais que alguns instantes.
Nível 2. Ainda em ritmo de caminhada, mas como se estivéssemos atrasados para chegar em algum lugar. Este já demorara um pouco mais.
Nível 3. A velocidade lhe impunha um trote, já não dava mais para andar. O trote ficou ainda mais desconfortável por que não podia largar a barra de segurança. Os minutos pareciam uma eternidade até que pedi para encerrar o teste.
Foram pouco mais de nove minutos e perguntei como eu havia ido no teste. Em uma escala de 1 a 6 consegui um três, que significa "razoável". Indivíduo saudável e fora de forma. O IMC estava marcando acima do peso. Nada muito gritante, mas que mereceu registro.
A forra. Na última terça voltei ao mesmo laboratório, fui atendido pela mesma enfermeira e pelo mesmo médico. Para eles era apenas mais um teste, mais um paciente a ser avaliado. Enquanto o médico plugava os eletrodos comecei uma conversa sobre exercício e qualidade de vida. Falamos sobre o teste ergoespirométeico e passamos pelo teste de esforço de um jogador famoso, feito por um amigo dele recentemente. O teste já havia alcançado o nível 3 e neste ponto ele começava a lembrar do teste do ano passado, que a esta altura eu já estava com um palmo de língua para fora pedindo arrego. Ele me perguntou como estava, pois o nível 4 estava por começar. Ainda tranquilo, confirmei que dava para ficar mais tempo. Pouco depois dele aferir minha pressão e eu ver no monitor cardíaco que estava trabalhando a 80% da FCM veio o nível 5. As três noites viradas na semana passada começaram a pesar. O desejo de realizar o teste inteiro começou a ruir. Fiz como ele recomendou e fui até onde era possível. Quando vi a FCM em 102% preferi parar. 

Tempo de prova: 18 minutos e 40 segundos. Segundo o médico, fique a poucos instantes de alcançar o nível 6, denominado "superior", o nível dos atletas profissionais. Não fiquei triste, até por que ganhei a denominação "excelente", já categorizado como atleta. Foi bom ouvir esta palavra depois de muitos anos longe das piscinas.


900 KM DEPOIS...
Eu posso dizer que cheguei melhor a esta marca do que na dos 800 Km. Consegui me manter fiel aos 3 treinos semanais e penso em retomar o treino intervalado para ganhar mais velocidade. Se não fizer tanto calor, tenho a esperança de bater meu recorde pessoal na Adidas Outono, na qual já estou inscrito. 900 Km depois meu compadre me convenceu de que era possível correr uma meia maratona. Durante a preparação veio a motivação para correr a Corrida da Ponte (Niterói/Rio - veja www.corridadaponte.com.br), mas  exigência de ter uma Meia no currículo me acordou do sonho. Fica para próxima. 900 Km depois meu marcador no Google Maps atravessa o estado da Bahia. Depois de passar por São Mateus tentei puxar da memória o nome da rede de postos que usamos como apoio na viagem para Recife. Passei semanas com a imagem do índio de braços abertos na cabeça, bem ao estilo do Ziraldo. Então me veio a mente a palavra flecha. Facilmente o Google localizou a rede de postos e eu viajando nos sanduíches e almoços a beira da estrada. Não lembro exatamente em qual, mas em alguns deles chegamos a pernoitar, para não esticar demais a viagem de ida saindo da estrada para procurar conforto dentro das capitais. Com mais alguns quilômetros alcançarei o posto de Itamaraju.

 
Exibir mapa ampliado


Vi e gostei
Sabe aquelas coisas que passam nos programas da tarde e que a maioria não tem a menor chance para assistir. Vejam esta reportagem sobre Asics.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

WR, OR, PB, SB. Você sabe o significado dessas siglas?

Assistindo as olimpíadas eu eventualmente observava a sigla PB ou SB ao lado do nome de alguns atletas após as provas. Hoje descobri o que significava ao ouvir o podcast Correria, do mestre Sérgio Xavier Filho (@sergioxavierfilho), minha fonte de inspiração desde os tempos da Revista Runners. PB: Personal Best. No bom português, seria melhor resultado pessoal. SB: Season Best. Melhor resultado do ano. Resolvi levantar o tema, pois como bom desportista a competição corre em nossas veias e a primeira disputa a ser vencida é contra nós mesmos. A superação é o que nos move, por isso testamos nossos limites. Não tenho a intenção de comparar o que eu estou fazendo (SB 29'20") com o que fiz há quase dez anos (PB 24'10"), mas descobrir se estou evoluindo no atual ciclo de treinos. O primeiro ciclo me permitiu correr 5K em 30'04" e o segundo em 29'20". A expectativa é de que a evolução continue acontecendo. A nova planilha está recheada de tempo runs e interv

Curta o caminho

Hoje concluí a sétima semana de treinos do II Desafio 5K. A oitava e derradeira semana começará com um treino de tiros na terça, em seguida um treino de ritmo moderado na quinta e encerro o desafio com minha prova imaginária de 5K no próximo sábado. Esta reta final sempre me leva a refletir sobre a jornb ada que foi realizada. Muita coisa boa aconteceu nestas quase vinte semanas de treinos. Recoloquei a corrida como rotina matinal às terças, quintas e sábados. Voltei a pensar, ler e falar sobre corria e saúde. E acima de tudo ter vencido a lesão da panturrilha direita, que foi crucial para esta sensação de bem estar que se expande do corpo para mente e para o espírito. Poder testemunhar a alvorada, uma das maiores obras primas que Deus nos presenteou, é assistir a vida se renovando. Nossa nova chance de fazer a diferença, acima de tudo para si e de alguma forma para quem nos cerca.  A corrida de rua de nos levar levar a caminhos que nunca imaginamos. A ver o mundo de uma perspectiva be

Você é um corredor iniciante, intermediário ou avançado?

A Runners de fevereiro (Ed. 28) começa com uma matéria muito interessante na seção Treino. A matéria Semanão fala sobre a importância dos ciclos no desenvolvimento do corredor e que tentar colocar em uma única semana todos os tipos de treino é algo realmente complicado, quando não, improvável de ser feito. A sugestão é adotar um intervalo de tempo maior para que possamos incluir todos os treinos necessários para nosso desenvolvimento. A idéia é boa, simples e de praxe a revista ainda apresenta sugestões para os treinos de qualidade . Mas o que mais me marcou na reportagem foi a forma como foi identificado o nível do corredor. É a primeira vez que vejo algo do gênero, então segue o registro: Iniciante: aquele que corre até 24 Km semanais Intermediário: aquele que corre de 24 Km a 48 Km semanais Avançado: aquele que corre de 48 Km a 64 Km semanais Como você se vê? Sua quilometragem semanal será determinante para o desenvolvimento de sua capacidade como corredor, seja seu objetivo ganh