Às cinco da manhã ainda estava escuro. Com passos ninja saio do quarto para não acordar o rebento e minha esposa. Café da manhã: granola com iogurte. Enquanto faço o desejum assisto a algumas reportagens em vídeo na Internet, até que me arrumo e saio em direção ao Aterro. Quando chego a ponte, o dia já havia amanhecido e a previsão do tempo foi confirmada: céu nublado e sujeito a chuvas. Temperatura abaixo dos 25 graus, dia perfeito para se correr forte.
Seria apenas mais uma prova em minha vida, mas a diferença é que esta etapa do Circuito Adidas eu não faria sozinho. Perturbei tanto que consegui sensibilizar alguns amigos a corrê-la também. Todos debutaram na prova de 5 Km, mas a chance de eu ter companhia para próxima etapa de 10 Km se tornou grande depois do papo na chegada.
O evento. No olhômetro calculei uns 12 mil participantes. A baia de largada realmente era extensa. Falamos de pelo menos 200 metros de pessoas alinhadas para largar para as provas de 5 e 10 Km. É impressionante como a O2 mantém um nível de qualidade em sua organização. A retirada do chip e o guarda volumes continuam com distribuição impecável, simples e rápida. Os banheiros químicos foram colocados em uma posição muito boa e o cheiro não invadiu o evento.
Preliminares. Desta vez resolvi curtir o aquecimento do evento, ao invés de fazer meu trote de 10 minutos. Afinal, iria esquentar o corpo de qualquer jeito. Depois de concluído os exercícios de alongamento e aquecimento das articulações, não tivemos muito tempo para procurar uma posição de largada. Nos encaixamos no pelotão azul por minha causa, pois os treinos mostraram que eu merecia estar ali. Gostei da estratégia, pois não ficamos muito longe do pórtico de largada. A nossa frente, apenas o Pelotão Quênia e o Pelotão de Elite. Apesar da confraternização com os amigos, eu estava ansioso para correr. Queria de qualquer jeito baixa meu recorde pessoal.
A corrida. Assim como em todas as outras etapas a largada foi com todo mundo a todo vapor. Mas eu estava disposto a ser mais disciplinado do que na Adidas Verão/10. Mantive a concentração para não perder tanta energia ultrapassando as pessoas, pois a partir do Km 2 ou 3 eu sabia que as coisas ficariam melhores e com menos pessoas. Estava tão preocupado em segurar o ritmo, que esqueci de ligar o Runkeeper no Smartphone. Eu já tinha percorrido quase 1,5 Km, assim o aplicativo só iria me auxiliar informando meu pace. O resto teria que ser através do Polar no meu pulso e as placas que informavam a quilometragem.
O desejo de baixar o tempo era tamanho que preferi não ouvir música desta vez. Tentei me concentrar nas passadas, na técnica para manter uma cadência e não gastar energia com movimentos errados. O ritmo estava dentro do planejado, quer dizer, levemente abaixo do planejado, mas não o suficiente para comprometer meus planos. Passei os primeiros quilômetros com o pace beirando 5’15”, o suficiente para pulverizar meu antigo recorde pessoal. As vezes a animação me tomava e eu me esforçava para manter o ritmo, pois ainda não havia chegado na metade da prova. O ponto de controle foi colocado um pouco antes do Km 5 e passei com impressionantes 25’21”. Cheguei a metade do percursos com 26’ alto. Eu estava correndo para baixar de 55’. O RP já estava no papo, mas até onde dava para puxar?
O Polar berrava há algum tempo, pois a frequência cardíaca estava acima de 90% da FCM. Mas eu estava me sentindo bem e tentei manter o ritmo. No Km 7 a velha fadiga começou a aparecer. As pernas começaram a pesar e perdi um pouco de velocidade. Mesmo assim, eu estava mantendo um pace abaixo dos 5’30” e o posto de hidratação do Km 8 serviu para “tomar um banho”. Água na cabeça, braços, pernas e costas. Foi o que me ajudou a puxar aquele resíduo de glicogênio que ainda possuía para fechar a prova com 54’16”. RECORDE PESSOAL. 1'48" mais rápido!!!
Comentário final. Foram quase três meses de treinos tentando aprimorar resistência e velocidade. Foi um período em que os treinos intervalados ganharam intensidade, os treinos de velocidade ganharam ciclos maiores e intervalos menores de descanso, o longão passou a ter 15 Km e o Tempo Run foi incluído na planilha. As grandes vitórias para esta etapa foram:
- conseguir criar uma cadência para as passadas, graças aos treinos de Tempo Run;
- consegui mais velocidade com os intervalados
- aumentar o longão do final de semana para 15 Km foi fundamental para ganhar resistência
- ter cumprido com a planilha de treinos sem faltas
Projeto Quenia
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