Olá. Me chamo André. Eu tenho asma. Mas apesar
dela, eu sempre adorei praticar esportes. Desde pequeno. Corri como toda
criança, andei de bicicleta, brinquei na praia, na piscina, mas alguns dias por
um motivo que sempre desconheci ela aparecia. Me acordava a noite se sufocando,
impedindo minha respiração. Dali em diante eram horas de agonia para que os
remédios fizessem efeito e me tirassem da crise. Foi assim por muito tempo.
Muito mesmo. Dizem que muita gente se livrou da asma quando chegou a maior idade.
Sinceramente, nunca tive esta esperança, pois ela sempre me espreitou. Nunca se
ausentou por tempo suficiente para eu achar que havia me livrado dela. Asma.
Minha asma.
Aprendi na prática que qualquer atividade aeróbica
ajudava a controlar a minha asma. No início eu acreditava que apenas a natação
conseguia me ajudar a domar este monstro, mas os anos de corrida me mostraram
havia solução também fora d'água. E assim corrida de tudo um pouco.
Provas de cinco, dez, meias e até uma maratona. Provas no asfalto e off-road.
Mas também fui vítima da crise e em meio a um cem
número de preocupações a corrida me escapou entre os dedos. No início julguei
que era uma breve parada, mas de repente me vi sem data para voltar a correr.
De outubro de 2015 para cá, tentei algumas vezes, mas não conseguia engrenar.
Espero que desta vez seja diferente e para provar que a coisa é para valer
realizei esta semana meu check up do coração, com direito a teste de esforço na
esteira.
Segui para clínica me perguntando o que eu conseguiria
fazer numa esteira depois de quinze meses praticamente parado. Para colocar
mais emoção, esta foi uma semana em que a asma esteve presente por conta da
virada do tempo. Mas vamos ao que interessa: o teste na esteira.
Foram uns trinta minutos entre o eletro e aquele
monte de sensores colados no meu peito. Subi na esteira pouco confiante, certo
de que faria um humilhante teste. A meta era tentar ficar ali pelo menos uns
nove minutos. Quando a esteira começou a girar, não tive muito tempo mais para
choramingar. Foi me concentrar nas passadas e controlar a respiração. O que
começou como uma caminha, virou um trote depois de algum tempo. Eu não tinha
como saber quanto tempo se passará. Eu não enxergava a tela do micro que
controlava a esteira ergométrica. A doutora, por sinal corredora também, já
tinha aferido minha pressão duas vezes antes da esteira alcançar uma velocidade
que já não era mais um trote. Mas estava bem. Respiração sob controle. Não
demorou muito e a esteira acelerou mais um pouco. De repente num intervalo
menor mais um pouco, mais um pouco e já não era pouco! Perguntei se estava a 10
km/h e ela disse que não. Está em 13 km/h! Tentei resistir, mas a respiração
começou a ficar ofegante demais. Eu estava já em zona anaeróbica. Foi questão
de pouco mais de 1 minuto para eu pedir arrego.
Teste encerrado. Foram 11 minutos de teste (cumpri
minha meta inicial) e eu procurando formas de respirar. Estranhamente eu o
corpo não estava cansado. Eu estava era sem fôlego. De repente lembrei o
motivo: a asma. Até ali ela apareceu para me incomodar, mas sei que com a
rotina vou exorcizá-la por outros bons anos da minha vida. Eu acabei tirando a corrida da minha vida, mas a corrida não sai da nossa carne. É algo que foi fundido com muita transpiração e quilômetros.
Coisas boas sobre o teste. Foi definida minha FCM,
o meu VO2 máx atual e que não tenho restrições para voltar a correr.
Agora é acertar o alarme e ver como andam as manhãs
da minha cidade depois de tanto tempo.
Bom estar de volta.
Viva a endorfina.
Boas passadas.
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