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Golden Four Asics: surpreendente do início ao fim

Esta história para ficar completa precisa ser contada começando dias antes da corrida, quando tive o privilégio de combinar com o Carlos Magno, companheiro do site corremos.com.br, com o Sérgio, escritor do blog Corredor Feliz (que por sinal gosto muito) e com o meu compadre Gláucio sobre nos reunirmos para enfrentar mais este desafio.
No sábado fui retirar o kit junto com o Carlos Magno, cara tranqüilo apesar de novo. Depois de uma breve volta pelo salão do evento esbarramos com outro blogueiro renomado: Jorge, o ultra maratonista. Ele, feliz, comentara que foi convocado para ser um dos pacers da prova, enquanto enfrentávamos a fila até o balcão. Como haviam muitos atendentes, não demorou muito para chegar nossa vez. O mesmo pode ser dito em relação aos demais serviços. O evento tinha realmente a dinâmica de uma exposição, onde era possível ver os estandes e ouvir as palestras. Foi interessante, pois desde a Maratona do Rio 2011 não vejo um evento deste porte. 
O almoço estava muito gostoso, mas a maioria ficou com um "quero mais" na barriga, pois a porção servida pareceu mais adequada a um brunch. Carlos fez uso do serviço de massagem, enquanto fui buscar uma nova pochete e um porta celular para o braço. Nenhuma novidade em preços, mas o produto estava ali e disponível. Fiquei tão entretido com o evento que esqueci de ligar para o Sérgio, mas combinamos de correr juntos no domingo. O objetivo era o mesmo. Terminar a prova em menos de duas horas, mantendo um pace de 5'40". Pouco depois de uma da tarde estávamos indo embora e o salão ficando mais cheio. Comentei com o Carlos como o perfil dos participantes da prova era diferente das provas de 5/10K. Ninguém ali tinha cara de ter menos de 1 ano de treino. A maioria travestida de corredor, para ninguém ter dúvida de quem estava ali como acompanhante e quem fora buscar o kit da corrida. Esta configuração tornava a corrida diferente, mas não consegui projetar o quanto.
A logística para a prova ficou por conta do compadre Gláucio. Às 5 da manhã ele passou lá na porta de casa e quase como em um filme de aventura apostávamos corrida contra o tempo para chegar ao outro lado da ponte. Estava previsto o fechamento da rampa de acesso à Francisco Bicalho até cinco e meia para a implosão do moinho. Se demorássemos muito, teríamos que descer para a Brasil e dar uma baita de uma volta para chegar à Tijuca, onde pegaríamos uma Van para a Barra. Pouco antes da grande curva ultrapassamos os caminhões com as placas informando a interrupção. Ali foi nossa primeira vitória. Mais tranquilos, chegamos com folga ao estacionamento e seguimos para o Maracanã para pegar a Van.
Foi uma ótima estratégia, pois fugimos dos estacionamento na chegada em São Conrado, que nos faria gastar um bocado dinheiro com flanelinhas. Ainda tivemos tempo de ver e rever alguns amigos destes meus novos amigos. Cacau, amiga do Glácio, usaria a prova como treino para a Maratona do Rio. Rodrigo, amigo do Sérgio, corria sua primeira meia. Guilherme me pareceu o mais experiente e queria terminar abaixo de duas horas a prova, assim como eu, Sérgio e o Gláucio. O Carlos que correria para 1h45, lhe desejei sorte.
Chegamos faltando pouco menos de 20 minutos para a largada. Para minha surpresa, percebi que não deveriam ser mais que 5 mil participantes. Ao final errei, pois segundo nota no jornal foram apenas 4 mil inscrições. A Asics realmente queria fazer uma prova de qualidade e se preocupou com um número limitado de participantes. O aquecimento foi na fila do banheiro e pouco sobrou para digerir o Carb Up, um último copo d'água e localizar o Sérgio e amigos. A primeira grande dificuldade foi quando percebi ao descer da Van que a cinta do monitor cardíaco não estava dentro da sacola. Ao colocar o relógio ainda dentro do carro, possivelmente ela caiu e não percebi, enquanto nos preocupávamos em chegar ao Rio a tempo de pegar a Van. Não havia tempo para mais nada. Era esquecer o problema, lembrar dos treinos e colocar a prova os últimos meses de treino.
A corrida. Casualidade ou não, formamos um pelotão de cinco corredores para enfrentar os 21 K da Barra à São Conrado. Vi conforto nisso, pois tínhamos uns aos outros para buscar motivação. Assim, fizemos um início de prova conservador, como planejado, tanto que fechamos o primeiro quilômetro em 5'41. Sérgio ditava maestralmente o ritmo, enquanto eu tentava me concentrar na respiração e não achar que teria um treco por não poder acompanhar minha frequência cardíaca. Liguei o monitor de qualquer jeito para registrar meu tempo. A parte engraçada é que ao correr ao lado do Rodrigo, meu relógio em alguns momentos captava o sinal da cinta dele. Em parte foi reconfortante, pois a FC dele rodava próxima das que registrei em meus treinos para a prova. Não tivemos dificuldades para manter o ritmo nos quilômetros seguintes, pois a temperatura em torno de 20 graus ajudava. Então foi curtir a paisagem maravilhosa da orla da Barra da Tijuca.
Nosso primeiro momento conturbado foi ao alcançarmos o primeiro posto de hidratação no Km 3, pois ao contrário das provas de 10 Km, a multidão ainda corria bem próxima. Lembra que eu disse que não havia bobos na retirada do kit. As pessoas estava bem preparadas para a prova. Ali eu começei a perceber que estávamos na média geral. Tomar o copo de Gatorade correndo foi um desafio. Parte caiu sobre o corpo, mas a manhã foi respirar fundo e tomar tudo em uma única golada para tirar proveito do isotônico. O copo d’água foi mais tranquilo. O tradicional furo com o dedão garantir melhor usufruto do líquido.
Continuamos a nossa batida de 5’40” até o segundo posto de hidratação. Sérgio liderava com Guilherme ao seu lado, enquanto eu, Gláudio e Rodrigo fechávamos o pelotão. Uma vez mais enfrentamos um trânsito, pois a concentração de corredores ainda era alta. Eu já estava meio abobalhado, pois a multidão não dispersava como nas provas mais curtas. Seguimos em frente, mas antes de alcançarmos ao terceiro posto de hidratação, nosso grupo dispersara. Guilherme disparara e o Gláucio e Luciano reduziram um pouco o ritmo. Neste momento Cacau me alcançara em seu “treino” matutino para a Maratona do Rio. Aquela informação me distraiu por alguns instantes e tive que puxar um pouco o ritmo para alcançar o Sérgio, que já corria sozinho uns 10 metros a frente. Naquele momento tive oportunidade para conversar um pouco mais com este novo amigo e sobre a forma maestral que ele mantinha nosso pace em 5’40”. Era o corredor virtual de seu relógio, que informava quantos metros estávamos do nosso concorrente invisível. Com um apoio técnico destes, acompanhamos nosso adversário virtual até o posto de hidratação do Km 15, quando o viaduto que ligava a Barra a São Conrado começou a assombrar minha mente. Estávamos na batida correta, mas era certo que aquela subida iria nos roubar preciosos segundos nesta luta para terminar a corrida em menos de duas horas. Eu sinceramente não havia percebido que havia acelerado, mas foi bom, pois colocamos 50 metros de vantagem para nosso adversário virtual. Parecia ser vantagem suficiente para subirmos o viaduto em direção à São Conrado. O cansaço a esta altura já se fazia presente. Desde o posto de hidratação do Km 12 a estratégia era pegar dois copos d’água. Colocava um no encaixe da pochete, enquanto consumia o outro. A maior parte da água eu usei para me molhar, pois o desgaste era grande. Sabia que refrescar o corpo era tão ou mais importante que beber água para não quebrar.
Meu Runkeeper anunciou que chegávamos ao Km 17 no início da subida do viaduto. A reserva de energia estava no fim, mas não dava para desistir. Não sentia mais sede, queria água apenas para me refrescar naquele momento. Botei na cabeça que estava a pouco menos de seis minutos do próximo posto de hidratação. Era vencer aquela ladeira para brindar a corrida até a chegada no posto de hidratação do Km 18. Mas não foi fácil. Nada fácil mesmo. A inclinação do viaduto era bastante intensa e o grau de elevação também era alto. Se pudesse conferir minha pulsação naquele momento com certeza eu veria o monitor marcando 100% da FC. Mas o pior ainda estava por vir. Quando achei que a subida havia acabado ao final do viaduto, percebi que o trecho do túnel até o Elevado do Joá continuava subindo. Ali, naquele trecho sem luz e quase quebrei. A sensação de esforço se igualava a dos intervalados, quando falta ar até para pensar. Vi o Sérgio escapando um pouco, mas ele me incentivou muito naquela hora. Sabe-se lá onde tirei forças para vencer aquele trecho, mas graças ao meu novo amigo não parei ali. Logo depois alcançamos o posto de hidratação do Km 18. Depois de água e Gatorade me senti renovado e motivado para terminar a prova. Brinquei até com o Sérgio e puxamos para 5’35” os últimos quilômetros. Quando avistei o pórtico de chegada um misto de alegria, alívio e gratidão se misturaram. Quase chorei ao perceber que mais uma grande barreira caía em minha vida, prova de muito esforço e dedicação. Lembrei da forte crise de bronquite que tive semanas antes, da noites mal dormidas por causa do trabalho e das dificuldades para treinar com a mudança de apartamento. Enfim, era um momento de catarse. Confesso que quase chorei ali ao terminar com 01:59:30. Havíamos conseguido cumprir nosso objetivo. Para terminar, mais um surpresa, pois a medalha da Golden Four Asics foi a mais linda que ganhei nesta breve vida de corredor. 
Meu comprade Gláucio chegou logo depois da gente. Depois daquele momento de insegurança, acelerou e concluiu a prova em 02:02:00. 
Meu amigo ligeirinho, o Carlos Magno, concluiu a prova em incríveis 01:35:00! Aventura concluída, bastou-nos pegar a Van para Tijuca e retornar para casa. Foi um domingo para entrar para história, onde tudo foi surpreendente do início ao fim.
Abraços aos novos e velhos amigos de corrida, pois vocês que ajudaram a construir este cenário maravilhoso neste 26 de junho de 2011.
Um beijo especial para minha esposa e filho, que torceram por mim em mais este desafio. Não sei viver sem vocês.
Guilherme, Gláucio, Eu e Sérgio

Comentários

  1. Amigo,
    parabéns pela prova e pelo belo relato! Que bom que pudemos nos ajudar um ao outro e que venham outras provas!
    Grande abraço,
    Sergio
    corredorfeliz.blogspot.com

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  2. Como fanático do Circuito das Estações, já estou inscrito para a Etapa inverno, mas o Gláucio tá querendo correr os 21K da Maratona do Rio na semana anterior. Tenho que rever os planos para conseguir correr bem dia 17/7 e encontrar meios de descansar para o dia 24/7.
    Abraço e boas passadas.
    andreeotenis.blogspot.com

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  3. Muito bom relato, eu gosto de relatos com fotos,dai fica perfeito,
    Parabéns por mais uma prova!!!
    Mais uma medalha para a coleção!!!

    \o/ simbora correr!
    Bons treinos,
    Boas energias,
    @marlipalugan
    www.marlipalugan.blogspot.com
    ..... ~o
    ......<\_
    ...(_)/(_) meu transporte diário!

    ResponderExcluir
  4. Mais um pedacinho de uma história de superação gravado em uma medalha.
    Obrigado pela visita e pelo elogio, Marli.

    ResponderExcluir
  5. MARAVILHOSOOOO!
    seu relato realmente foi lindo. Totalmente sem palavras, devorei seu texto e creio que voce usou muito bem as palavras quando conta a respeito do parceiro virtual, eu também uso. E como é bom saber exatamente nossa posição. Gosto muito!
    Enfim, quando voce terminou e se lembrou de como foi dificil os últimos dias anteriores a prova, reflete oque eu estou passando nesse momento. Mas também como voce! estarei presente e confiante!
    Parabéns pela postagem!

    ResponderExcluir
  6. @Myla
    Muitíssimo obrigado pelo elogio, Myla. Estava lendo seu relato que também é muito impressionante. Histórias de superação nos motivam, nos dão forças para vencer as adversidades em nossas vidas.
    Parabéns por suas conquistas e pelo blog, que vez faz parte da minha lista de prediletos.
    Abraços
    André

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