A vontade de correr uma meia maratona veio em meados de março. Com a melhora da contusão no quadril e o desempenho nos 5 Km da Adidas Outono e os 10 Km do Circuito Athenas, minha decisão e confiança estavam bem amparadas. Assim, iniciei um novo ciclo de treinos para vencer os 21.097 metros da Asics Golden Four. Calma, não estou louco, ou digitei corretamente. Esta é minha prova alvo.
O ciclo de treinos de base se encerraria faltando 8 semanas para a prova e para avaliar o meu estado, veio o desejo de fazer um ensaio. Aqui entra a Corrida da Ponte. Mas decisão de corrê-la veio apenas depois de ler a nota dos organizadores quanto as modificação que iriam ser promovidas na prova deste ano (veja post anterior).
Mesmo com as modificações seria um baita desafio. Quando corri minha primeira meia maratona eu vinha de 14 meses de treinos, 6 provas e 10 Km e algumas provas menores e revezamentos. Desta vez a base era bem menor, mas eu contava com o pouco mais de experiência para superar o menor preparo e a altimetria da ponte.
O cenário era perfeito. O domingo amanheceu com 16 graus e um céu sem nuvens digno de um paraíso. Minha esposa, que na véspera já participara da retirada do kit, ficou contagiada pelo clima da prova. Ela e o rebento foram me levar até a largada para dar uma força para o papai que vos escreve. Beijos de despedida e boa sorte foram trocados, antes do carro partir sob ordens de um guarda de trânsito.
Pouco depois eu já encontrava meus velhos companheiros de concentração. Primeiramente o compadre Glaucio e o Carlos. Depois a Cláudia e alguns outros conhecidos. Glaucio faria a prova como base de seus treinos para a Maratona do Rio e resolvera me acompanhar. Carlos e Claudia correriam atrás de um bom ritmo, como forra ao sofrimento do ano passado. Assim seguimos para o pórtico de largada, quando percebemos que um muro humano bloqueava a passagem. A organização da prova estava cumprindo com a promessa de largada em ondas e ordenando a chegada dos participantes. Os primeiros a perfilarem foram a elite feminina e masculina. Depois corredores de braceletes azuis, depois os de cor laranja e por fim os de cor verde. Sinceramente, largada como esta apenas a da Golden Four ano passado, onde os corredores voluntariamente se colocaram dentro das zonas corretas.
Sem o tumulto das ultrapassagens o desafio foi controlar o ritmo, pois todos largaram muito forte. Para falar a verdade eu larguei no ritmo que eu sonhava para a prova toda, fazendo aproximadamente 5'40" nos dois primeiros quilômetros, mas com o Polar marcando 90% da FCM, percebi que o ritmo não era sustentável e que precisaria reduzir o pique para chegar no Aterro do Flamengo. Não precisei me esforçar muito para tal, pois o funil que se formara até a subida do vão central nos obrigou a reduziro a velocidade. Somando a isso a altimetria, não havia como eu manter o pace definitivamente. Meu esforço chegou a 100% da FCM ao final dos pouco mais de 2 Km de subida do vão central e precisei da descida para normalizar em 90% da FCM e seguir em frente.
Apesar da intensidade do esforço, eu não estava tendo muita dificuldade para manter um pace de 6'15", mas era impossível forçar o ritmo. Estava no limite. Era uma corrida complicada que mentalmente dividi em duas partes: a corrida de aventura até o vão central e depois um outra com 15 Km. Quando a descida do vão central começara foi que comecei a curtir a prova. O Pão de Açúcar e o Redentor nos presentearam com um visual sem precedentes. Algumas gaivotas pareciam tentar entender a presença incomum daquelas pessoas correndo, onde elas se acostumaram ver carros. Olhando para o outro lado, a visão das montanhas cercadas em nevoeiro remetiam a uma reflexão sobre a vida. Apesar da multidão, eu mal ouvi as passadas, os carros, ou mesmo minha respiração. Me surpreendi imerso em uma bolha de silêncio durante a travessia. Não me recordo do barulho do mar. Mesmo com sua imensa presença, mais parecia complementar a ponte, a estrela do dia.
Não era uma corrida para correr atrás de marcas pessoais e surpreendentemente não fiquei frustrado. Sem sombra de dúvidas eu estava vivendo um momento ímpar naquele domingo. Aquela travessia virara um instante de contemplação e graça. A sensação de pertencer a algo maior foi muito intensa na grande reta. Quando cheguei ao Km 10, queria apenas administrar minha energia para chegar bem ao final da prova. Apenas isso.
No trecho em frente ao antigo prédio do Jornal do Brasil alcançamos um grande pelotão e dali em diante na perimetral passamos um bocado de gente. Muita gente quebrou por ter gasto energia demais no primeiro trecho da prova. As ladeiras e ultrapassagens foram mais que suficientes para minar as energias da maioria. As curvas do Caju, da entrada da perimetral e sobre a Quartel da Marinha ficarão na minha lembrança por um tempo para nunca me esquecer de quão importante são os treinos de subida no MAC e na Estrada Fróes.
No trecho final o Glaucio ainda puxou um sprint e amparado pela motivação tentei segui-lo. Foram necessárias 2 horas 15 minutos e 14 segundos para conquistar os 21.4 Km entre Niterói e o Rio. Essa foi uma medalha mais difícil de ser ganha entre as meias que disputei.
A prova simplesmente não podia ser comparada com a do ano passado. A organização aprendeu a lição. Os postos de hidratação com apenas 2 Km de intervalo entre eles e o isotônico perto do Km 6 e pouco depois do Km 15 ajudaram bastante. Não que tenha sido o motivo para eu não utilizar meus Carb Ups, pelo contrário, foram um reforço para a energia que eu tentava repor.
Na chegada meus queridos amigos Diego e Bárbara me esperavam. Tiramos algumas fotos e conversamos sobre as impressões da dura corrida, apesar do clima ameno e da infra impecável.
Foi um bom vestibular para a Asics G4. Esta semana farei treinos leves, mas a partir da próxima segunda o bicho pega para chegar na Asics no mínimo para igualar o tempo do ano passado.
O ciclo de treinos de base se encerraria faltando 8 semanas para a prova e para avaliar o meu estado, veio o desejo de fazer um ensaio. Aqui entra a Corrida da Ponte. Mas decisão de corrê-la veio apenas depois de ler a nota dos organizadores quanto as modificação que iriam ser promovidas na prova deste ano (veja post anterior).
Mesmo com as modificações seria um baita desafio. Quando corri minha primeira meia maratona eu vinha de 14 meses de treinos, 6 provas e 10 Km e algumas provas menores e revezamentos. Desta vez a base era bem menor, mas eu contava com o pouco mais de experiência para superar o menor preparo e a altimetria da ponte.
O cenário era perfeito. O domingo amanheceu com 16 graus e um céu sem nuvens digno de um paraíso. Minha esposa, que na véspera já participara da retirada do kit, ficou contagiada pelo clima da prova. Ela e o rebento foram me levar até a largada para dar uma força para o papai que vos escreve. Beijos de despedida e boa sorte foram trocados, antes do carro partir sob ordens de um guarda de trânsito.
Pouco depois eu já encontrava meus velhos companheiros de concentração. Primeiramente o compadre Glaucio e o Carlos. Depois a Cláudia e alguns outros conhecidos. Glaucio faria a prova como base de seus treinos para a Maratona do Rio e resolvera me acompanhar. Carlos e Claudia correriam atrás de um bom ritmo, como forra ao sofrimento do ano passado. Assim seguimos para o pórtico de largada, quando percebemos que um muro humano bloqueava a passagem. A organização da prova estava cumprindo com a promessa de largada em ondas e ordenando a chegada dos participantes. Os primeiros a perfilarem foram a elite feminina e masculina. Depois corredores de braceletes azuis, depois os de cor laranja e por fim os de cor verde. Sinceramente, largada como esta apenas a da Golden Four ano passado, onde os corredores voluntariamente se colocaram dentro das zonas corretas.
Sem o tumulto das ultrapassagens o desafio foi controlar o ritmo, pois todos largaram muito forte. Para falar a verdade eu larguei no ritmo que eu sonhava para a prova toda, fazendo aproximadamente 5'40" nos dois primeiros quilômetros, mas com o Polar marcando 90% da FCM, percebi que o ritmo não era sustentável e que precisaria reduzir o pique para chegar no Aterro do Flamengo. Não precisei me esforçar muito para tal, pois o funil que se formara até a subida do vão central nos obrigou a reduziro a velocidade. Somando a isso a altimetria, não havia como eu manter o pace definitivamente. Meu esforço chegou a 100% da FCM ao final dos pouco mais de 2 Km de subida do vão central e precisei da descida para normalizar em 90% da FCM e seguir em frente.
Apesar da intensidade do esforço, eu não estava tendo muita dificuldade para manter um pace de 6'15", mas era impossível forçar o ritmo. Estava no limite. Era uma corrida complicada que mentalmente dividi em duas partes: a corrida de aventura até o vão central e depois um outra com 15 Km. Quando a descida do vão central começara foi que comecei a curtir a prova. O Pão de Açúcar e o Redentor nos presentearam com um visual sem precedentes. Algumas gaivotas pareciam tentar entender a presença incomum daquelas pessoas correndo, onde elas se acostumaram ver carros. Olhando para o outro lado, a visão das montanhas cercadas em nevoeiro remetiam a uma reflexão sobre a vida. Apesar da multidão, eu mal ouvi as passadas, os carros, ou mesmo minha respiração. Me surpreendi imerso em uma bolha de silêncio durante a travessia. Não me recordo do barulho do mar. Mesmo com sua imensa presença, mais parecia complementar a ponte, a estrela do dia.
Não era uma corrida para correr atrás de marcas pessoais e surpreendentemente não fiquei frustrado. Sem sombra de dúvidas eu estava vivendo um momento ímpar naquele domingo. Aquela travessia virara um instante de contemplação e graça. A sensação de pertencer a algo maior foi muito intensa na grande reta. Quando cheguei ao Km 10, queria apenas administrar minha energia para chegar bem ao final da prova. Apenas isso.
No trecho em frente ao antigo prédio do Jornal do Brasil alcançamos um grande pelotão e dali em diante na perimetral passamos um bocado de gente. Muita gente quebrou por ter gasto energia demais no primeiro trecho da prova. As ladeiras e ultrapassagens foram mais que suficientes para minar as energias da maioria. As curvas do Caju, da entrada da perimetral e sobre a Quartel da Marinha ficarão na minha lembrança por um tempo para nunca me esquecer de quão importante são os treinos de subida no MAC e na Estrada Fróes.
No trecho final o Glaucio ainda puxou um sprint e amparado pela motivação tentei segui-lo. Foram necessárias 2 horas 15 minutos e 14 segundos para conquistar os 21.4 Km entre Niterói e o Rio. Essa foi uma medalha mais difícil de ser ganha entre as meias que disputei.
A prova simplesmente não podia ser comparada com a do ano passado. A organização aprendeu a lição. Os postos de hidratação com apenas 2 Km de intervalo entre eles e o isotônico perto do Km 6 e pouco depois do Km 15 ajudaram bastante. Não que tenha sido o motivo para eu não utilizar meus Carb Ups, pelo contrário, foram um reforço para a energia que eu tentava repor.
Na chegada meus queridos amigos Diego e Bárbara me esperavam. Tiramos algumas fotos e conversamos sobre as impressões da dura corrida, apesar do clima ameno e da infra impecável.
Foi um bom vestibular para a Asics G4. Esta semana farei treinos leves, mas a partir da próxima segunda o bicho pega para chegar na Asics no mínimo para igualar o tempo do ano passado.
parabéns, André!!!
ResponderExcluiro melhor de tudo é essa sensação de curtir o percurso, o desafio!
também curti muito, de uma maneira bem diferente da que eu estava acostumada a curtir, mas curti:)
curti correr no meu máximo, me superar, numa prova organizada com tanto carinho!
parabéns!
e que venham os novos desafios!
bjs
http://elismc.blogspot.com
Obrigado, Elis.
ExcluirO saldo foi realmente positivo. Vou para a segunda metade da preparação para Asics Golden Four mais tranqüilo e motivado. Minha lesão no quadril definitivamente é coisa do passado. As dores na canela passaram com a troca do tênis. Mantive o esforço em 93% da FCM. Agora é treinar para ganhar velocidade!
Este é um esporte curioso, pois aparentemente fazemos a mesma coisa sempre. Porém, os resultados e percepções sempre variam. Sempre há algo novo para aprender, ou aprimorar.
Boas passadas ;-)
André
André,
ResponderExcluirparabéns pela prova e pelo relato! dessa vez foi tudo muito corrido, só resolvi participar na sexta.
Te procurei na chegada, mas não encontrei a tenda. Acho que depois eu encontrei, mas você não estava mais lá. Também, eu estava correndo atrás das duas crianças e aí fica um pouco difícil.
A prova foi realmente muito bacana, acabamos fazendo em condição parecida, com a diferença que você ainda conseguiu fazer uma base um pouco melhor...
Boa preparação para a Asics! meu desafio é 1 semana depois...
abraço,
Sergio
corredorfeliz.blogspot.com
Fico feliz com sua pronta recuperação e com a identificação do problema. O tempo realmente é um aliado para nos aperfeiçoarmos. Apesar do tempo de treino ter sido absurdamente menor, eu fiquei feliz com o resultado alcançado. Nas próximas oito semanas farei treinos que antes achava improvável, tanto em nível de intensidade e duração.
ExcluirQuanto ao desencontro, acontece. Falei com o Leandro para marcarmos um almoço. Estamos a duas quadras de distância.
Boa sorte na sua empreitada. Presumir que seja os 21Kresultados dentro da Maratona do Rio.
Abraços
André
Parabéns meu amigo!!
ResponderExcluirAinda vou correr esta contigo. Beijo Milene
Estou na torcida!
ResponderExcluirEspero que os problemas no joelho sejam fato do passado.
Obrigado pela visita. Espero que tenha gostado da leitura.
Bjo e boas passadas ;-)